sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Visita ao MASP

Essa semana eu fui ao MASP. Estava bem cheio de gente... fiquei bem feliz! O mais engraçado era ver o monte de gente querendo ver as oubras que foram roubadas, muitos nem davam bola para as do lado – como se fosse muito mais importante conferir aquelas. Mesmo assim foi muito bacana. O acervo é muito bom, muito interessante e me agrada muito o modo como ele é organizado. Andei muito por lá e uma as coisas que mais me deixa feliz ao ver uma obra de arte é saber que mesmo que eu a conheça, que já a tenha visto tantas vezes (seja lá no museu, em livros, ou nas minhas aulas) é sempre uma sensação nova. É uma delícia olhar para a tela e conversar com ela, sentir o que ela tem pra dizer pra mim... A cada novo encontro eu sou uma, eu estou de um jeito e com isso a recepção é diferente. Essa é uma das razões da minha paixão pela arte. Foi muito bom rever umas obras, em particular:


Os retirantes, de Portinari



A estudante, de Anita Malfati




Guerra, de Lasar Segall




Gostei muito da mostra de retrospectiva de Tatsumi Orimoto. Muitos acharão engraçadas as fotos do artista em sua famosa performance de “Homem Pão”, ou então tantas outra que chegam a ser mesmo engraçadas... Eu particularmente achei triste e ao mesmo tempo muito bonita a série Art Mama que tem como protagonista a mãe de Orimoto, vítima de Alzheimer. Triste porque sei que essa é uma doença muito difícil principalmente para aqueles que convivem com o doente. Eu vi naquelas fotos um pouco do convívio que eu tive com o avô do meu marido. Situações que chegam a ser cômicas pela repetitividade, mas ao mesmo tempo muito triste. A situação é triste. Eu imagino que ela, assim como o “meu” avô não reconheça o próprio filho. Não reconheça nada e nem mesmo sua própria casa. Em algumas fotos é nítida a impaciência dela, como se ela gritasse “O que você está fazendo comigo!?” Mas o sentimento some instanteneamente e ela se vê confortável com um sapato gigante ou com um pneu no seu pescoço. Também imagino que ele não faça nada disso só para ele mesmo, que realmente pense nela. Uma vez eu ouvi do meu marido uma coisa tão linda que me deixou muito emocionada e me lembrei disso ao ver as fotos e os vídios do “Art Mama”. Ele falou que não se importava em dizer mil vezes, se fosse necessário, quem ele é, porque ele sabia que por um segundo que fosse, o avô ficaria feliz por se lembrar, mesmo que no segundo seguinte se esquecesse e perguntasse uma outra vez. Acredito que ao ver as fotos a mãe de Tatsumi Orimoto também ficasse feliz. Mesmo que só por um segundo, mesmo que fosse um sorriso por achar graça dos pães, dos pneus ou do sapato gigante. Mesmo que depois ela nem lembrasse mais e não entendesse mais nada. Pelo menos naquele momento ele estava com a mãe e ela estava fazendo parte de sua vida, de sua arte.




Não quero falar mais nada sobre, convido você a ver a esposição e tirar suas próprias conclusões.

PS.: Hoje é dia 25/01 – Aniversário de São Paulo (FERIADO)



Lamento Urbano, Reinaldo Bessa

Avistei São Paulo
Com os olhos em cima da noite
A pista molhada
E um frio feito açoite.

Avistei São Paulo
E bem mansa vinha a madrugada
Vi uma lua feia e tonta
Que pra mim não era lua nada.

Avistei São Paulo
Com os olhos em cima do medo
A violência em cada esquina
Querendo nos levar mais cedo.

Trazia a fé e um violão
A mão no sonho e o pé no chão
Uma saudade imensa
E uma constante solidão.

Avistei São Paulo
Com os olhos em cima do sério
Ninguém me dizia nada
E tudo era só mistério.

Avistei São Paulo
Em cada rua um policial
Vejo um fora da lei
Um homem faminto e um anormal.
Avistei São Paulo...


Essa é a letra de uma canção feita por um norte-rio-grandense muito bacana: Reinaldo Bessa. Eu tive a chance de conhecer esse artista em 2003 em um curso de teatro, mas acabei saindo do curso (por descordar da metodologia e tal...) e, de acabei perdendo alguns bons amigos que fiz lá. O Bessa é um músico muito bom que vocês precisam conhecer (quem não o conhece!). Essa canção me faz lembrar de quando eu vim pra cá, pra essa cidade grande e fria. Tudo pareceria maior, mais frio e assustador. Eu trazia na mala bastante saudade da minha terra, do céu lindo cheio de estrelas, da família, dos amigo. Mas eu tinha um sonho e fé que eu conseguiria chegar até ele.
Hoje já me sinto paulistana, me sinto “daqui”. Claro que a saudade ainda existe – principalmente do céu estrelado, mas valeu a pena.

Parabéns pra cidade!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Taciii!
Eu tenho vergonha de falar, mas como acho que é só você que vai le o comentáioo tudo bemm..eu até choreii lendo o que você escreveu hojee, das obras do acervo do Masp e do Tatsumi..vou tentar ir lá pra ver agora!
Mas isso que você disse de cada hora "sentir" a obra de um jeito novo, de um jeito diferentee..eu super concordoo..e tenho isso muito com música..
"And it makes me wonder.." - Led Zeppelin =]
beijoo grandee